quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Escarafunchar no Futuro (Parte 1)


O amanhã já começou hoje.
Até ontem


da mesma forma que o passado, naquilo do que foi que ainda não deixou de ser mas deixará um dia, ainda sobrevive em agonia.
Os vários tempos e respectivas caracterizações, formam a cada momento colagens sobrepostas em tensos equilíbrios de coexistência.

Independentemente daquilo em que se possa ter transformado, o sentido do estudo da história tem similaridades com a meteorologia.
Definir e entender o passado, particularmente os seus traços cíclicos, para poder adquirir consciência de prováveis/possíveis relações causa-efeito de atitudes ou decisões tomadas no presente.
Estudar o passado para perceber em que medida se pode hoje controlar ou afunilar o futuro.
Perceber os movimentos de mudança presentes no percurso do tempo, para assim poder caracterizar as suas tendências e direcção.
É dessa liberdade criativa condicionada, reduzida dos destinos improváveis do tempo que se faz a melhor ficção cientifica.

Como se distribuirá a ocupação populacional do planeta daqui a um par de décadas?

A crer na maior parte da ficção cientifica, acentuar-se-á a tendência em curso de fixação populacional em torno de poucos e progressivamente menos, centros urbanos.
Densificação de mega-cidades, onde aceleradamente se desenvolverão as compensações humanas e sociais ao estado de coma do ambiente natural sob a forma da expressão do imaginário artístico e da artificialização das inter-relações e dos ambientes.
Em simultâneo com o declínio da ocupação humana do restante território, entregue a uma uniformização industrial do meios de produção alimentares, tecnologicamente capaz de criar formas de crescimento de produtividade mas também de resistência à progressiva deterioração do meio ambiente.

A menor parte da ficção cientifica, associada a cenários pós (smi) apocalípticos, retracta o regresso às formas básicas de sobrevivência e às relações humanas mais primárias, extremadas em caricaturas de pureza e de vício.
As grandes cidades são território abandonado ao limite dos seus defeitos.
Local de ruínas, fantasmas e armadilhas. Inseguras até para os fortes, feios e maus.
As probabilidades de sobrevivência crescem na dispersão da fuga, no encontro dos recantos improváveis onde nasce a esperança de conforto e segurança fraternal através da recriação de um passado idílico.
É ambiente de redenção das inércias do desenvolvimento e da ambição, e de nostalgia do campo no seu sentido de pureza e harmonia.
Argumentos de simbolismo tipo épico-bíblico. Antigo Testamento.
Pedagogia das portas do Inferno.

Mas mesmo estes cenários que descrevem movimentos centrífugos ou de (re)dispersão da ocupação do território, baseiam-se no colapso de um padrão anterior, centrípeto.
Tendo já este como certo (ou presente) e apenas o outro como argumento de ficção da reacção e adaptação humana ao imprevisto, à catástrofe, à impotência, ao desamparo.


56 comentários:

Rui disse...

Apesar de tudo, não consigo evitar alguma pena de já cá não estar para ver como vai ser.

Arábica disse...

Espero que esta foto possa vir a ser o cenário da minha janela (de olhos elevados) numa das horas mágicas estivais (não sei se será, nunca cá vivi qualquer primavera ou verão).

O passado, as vivências, ou ainda as aprendizagens, afunilam sem dúvida parte do nosso presente e das escolhas; abrem, contudo, ainda assim, novas janelas ou dá-nos a conhecer novas realidades ou dimensões diferentes dessa mesma realidade.

Nossas. Dos outros. Das cidades e dos montes.

Pequenos detalhes que no passado, nos passariam despercebidos, saltam-nos agora aos olhos.

Características que passariam pela peneira da nossa indiferença ou ignorância ou boa fé, esbarram agora num 6º sentido elevado ao cubo...

Já sabemos que, afinal, quase tudo é possível; já vimos muitos filmes de ficção cientifica. Ou os suficientes.

E já tivemos (também) a nossa parte de fantasporto(s) na verdadeira acepção da palavra.

Não queremos fantasmas.

E como já sabemos que esses, não são passíveis de se enxotar com um trapo velho de memórias, acabamos, por, com uma enorme paciência, ir desconstruindo, passo a passo, entre cidades e montes...

Aos 14 anos, quando convivi pela primeira vez com a realidade "morte", assaltava-me imensas vezes uma tristeza: "um dia" não poder continuar a ver os prédios a crescer...

Já nessa altura, tinha a cisma das janelas empoleiradas ao sol.

E vivia dias de cinzento acentuado.


Gostei de conversar contigo.

:)


Beijos

ze disse...

Rui,

Aparece aqui para ler a Parte 2 que vai dizer tudo tim tim por tim tim, daquilo que se pode ver aqui da minha janela, naturalmente.

Abraço.

ze disse...

Arábica,

Presumo que te estejas a referir à foto de baixo porque a de cima tem os olhos bem atentos aos trilhos do caminho.
A de baixo é igual ao que verei daqui a menos de meia hora. Antena torta de esfera no topo a 10/15 metros do meu nariz, céu sem nuvens e degradê de laranja a azul, baços.

Janelas são opções. Boas ou más, escolhas pressupõem responsabilidades. Para quem as vê. Os outros podem viver e morrer tranquilos.

O que apurou esse sexto sentido foi o resultado? No passado não havia passado (anterior)?

E antes dos filmes?
Os estímulos que induziam a construção de imaginário. os livros?

Há fantasmas bons. E os maus também têm o seu papel, por muito que nos custe admiti-lo.

Do Fantasporto nem falo. Porque não.

Prometo que não falo mais em cinzentos contigo. :-)

Eu também gosto de conversar contigo.
És muito esperta e muito rápida.

Entretanto, o sol pôs-se.

Beijos

Arábica disse...

Como se desenhará aqui uma expressão zangada?:)

experiência: :-G ?


Pois sim, está o caldo entornado.

Esperta? nunca fui. Chamarem-mo é uma brincadeira, decerto! :)

Rápida? Ficaria como tu, a alguns centésimos de segundo dos 100 gloriosos metros...

Por pura distracção.

Fazes-me perguntas que me obrigam a reflectir. Não tenho respostas feitas para tudo. Além do mais, as respostas com o distanciamento temporal e emocional, vão sempre "engordando", não mudam substancialmente, mas alargam-se em perspectiva.


Ora vamos lá ao exercicio do dia.

Sim, o que apurou o 6º sentido foi o resultado e claro, as vivências, o relacionar contínuo, dos conceitos com as circunstâncias.

Temos sempre um passado. Pode ser contudo um passado bom, onde as catástrofes não passaram de crescimentos em sentidos diferentes ou os inevitáveis desencontros entre formas de ser e de estar, entre pesssoas que se relacionam.

Há quem chegue aos 40, poupado às piores e mais rocambolescas ficções cientificas.

Há quem entre escolhas e janelas, durante muito tempo, consiga viver protegido numa rodoma, uma gaiola dourada, por si construída com mãos de artesão de afectos umbilicais, outros tantos de companheirismo e camaradagem, entre jardinagens, mareações e livros.

Um dia, sai-nos a carta da morte e ainda assim não acreditamos que tudo, tudo, tudo vá ruir, mudar. Que o preto será branco, o branco preto, os prédios crescerão para dentro da terra e que sem mergulho, não mais nos poderemos empoleirar na janela.

Olhamos o colega que treina a sina dos outros, e ficamos com o beneficio da dúvida: saberá ele dar as cartas?

Sorrimos pouco à vontade e ao fim do dia, enquanto o comboio que nos leva de regresso à cidade dormitório, nos embala, respiramos fundo e pensamos talvez não...

Com um pé no imaginário e outro nos livros que já lemos, pensamos em todas as más situaçõs que poderão ocorrer e sentimos que temos solução para todas.

A vida é uma estrada longa e a floresta não se fica por uma espécie única de arvores, sabemos da diversidade das espécies, da natureza complexa e contraditória dos seres. Conceitos não nos faltam. Crescemos com eles e eles crescem connosco, amadurecidos de confiança.

Quando a carta da morte, ao fim de uns anos se torna real, ocorre-nos ainda -o sentido de humor será o último a morrer, creio- pensar meio a sério, meio a ironizar: o Zé Manel sabia dar cartas, afinal!

E constatamos que os conceitos repentinamente são dificeis de aplicar, que é dificil gerir tanta emoção, que é dificil manter a cabeça à tona da água, quando tantas correntes contraditórias nos fluem no espirito e no corpo.


E é aí que começa a ficção.

E é nesse ponto exacto de sobrevivência, quando ainda não naufragamos, nem o sal nos venceu, que nos encontramos cara a cara com o que nunca conhecemos e por isso não podemos enumerar ou reconhecer a espécie.

É nesse ponto exacto da estrada e do mar que nos sentamos (sem importar com as convenções e as etiquetas da boa educação) no chão das livrarias e ousamos buscar as respostas dificeis ao que a vida nos dá a provar.

Olhando para trás, nunca pensei que à mulher sossegada que fui, domesticada pelas amarras dos umbilicais amores, eficiente e objectiva no seu trabalho, jardineira aplicada e sensível à estetica dos lagos de karpas e jasmins, marinheira de fim de semana, cautelosa com os ventos e as correntes, alguma vez, tal travessia ou mergulho, estivesse guardado. E fosse ultrapassado.


Olhando ainda de forma mais profunda, acredito que todas as sábias lições, por algum motivo, me faziam falta.

Não fiquei mais feliz com elas.

Apenas mais completa.

E cada vez mais lenta...


Bom fim de semana, caso não nos cruzemos por aqui.

Beijos

Arábica disse...

Relendo o teu post: só muitas tempestades depois, da primeira tempestade, provamos o desamparo.

É dele, que na realidade, voltamos a nascer.

E sem ele (esse desamparo profundo, aquele mergulhar na terra e no silêncio), não podemos seguir em frente.

ze disse...

Ai sim?!
Então toma lá também :-G

Quando o caldo se entorna, o mais sensato é sempre pegar na esfregona e adiar a acção imediata o tempo que fôr necessário para deixar tudo limpinho.

Acredita que eu acredito mesmo que só podemos ambicionar a conhecer uma parte de nós.
A outra é com os outros.
Se eu achar que és esperta (seria mais correcto, inteligente) é algo para o qual não deves, porque não podes, achar nada.
Mas vale que vale, na proporção do que te (des)conheço, mas também da validade/ assertividade de tais julgamentos serem por regra resultado de encontros de opinião colectiva e não individual.

Eu depois continuo, que há aí ainda muito para dizer.

:-G

Arábica disse...

:-G


ainda bem que pegste na esfregona.


O meu aspirador avariou :)

ze disse...

Também a aspirar líquidos, ainda por cima viscosos como o caldo, como é que tu querias que o aspirador não avariasse?
Ainda para mais fazendo-te realmente falta para aspirar as pequenas doses de migalhas de pão e broa espalhada por todo o lado.
Faz o favor de pôr os electrodomésticos a arranjar! :G

Passando à segunda parte:
a velocidade

ze disse...

A percentagem de fibras rápidas e de fibras de resistência dos nossos músculos fica imediatamente definida no momento do encontro da metade dos genes da nossa mãe, com a metade dos genes do nosso pai.
O potencial de velocidade e de resistência muscular é exclusivamente genético.
Mas o maior potencial de uma das características implica necessariamente um menor da outra.
Não se pode ser bom nas duas, e para não se ser mau numa também não se pode ser bom na outra.
Em percentagem não é possível fugir a que a soma dê cem, nem para menos, nem para mais, nem para aproximado. É o exacto, quer para quem o adora quer para quem o odeia.

Mas isto são potenciais, nascimentos, o resto é o treino, é a vida, é o que fazemos ou não com eles.

ze disse...

Mas não fiquei com nenhuma sensação de frustração nem de fracasso daquele episódio.
E não é tipo “agora, mais de vinte anos depois”, foi logo no dia seguinte, se não no próprio.

O que eu posso pensar hoje depois de relembrar o contexto é que tive muita sorte por se ter verificado toda aquela estranha conjugação de factores:
O gajo que não me emprestou as sapatilhas porque ficou fodido que eu lhe tivesse tomado o lugar na corrida de 100 metros; correr com uns sapatos com os quais me dirigi a mancar até ao posto de partida, com as falangetas dos dedos dobradas sobre as falanges; o imbecil do meu professor/treinador que me disse para estar no Estádio Universitário a tal hora, mas que não disse que era um Campeonato de mais velhos, nem que podia ir a Lisboa ao nacional.
Se qualquer um deles não tivesse sido exactamente assim, provavelmente teria tido mais uma actividade no ano seguinte que foi o 12º de escolaridade, o que à posteriori sei que só podia ser mau, por me ter corrido tudo tão bem, graças a uma gestão do tempo e das prioridades quase perfeita, que nunca conseguira antes nem voltei a conseguir depois.
Além de que tive o contacto necessário com aquele mundo do atletismo para perceber que é maioritariamente frequentado por imbecis egocêntricos.
Além disso, não me retirou confiança nenhuma, antes pelo contrário.
No fim das aulas tínhamos sido escolhidos três para tirar tempos de velocidade e nesse teste foi-nos explicado que a “velocidade pura” é avaliada em 60 metros.
Daí para os 100 (ou mais) é desenvolvimento de técnica, resistência e força.
No fim desse teste, o campeão e recordista distrital sénior de 100 metros que estava lá a treinar, disse-me que a primeira vez que cronometrou os 60 metros, teve o mesmo tempo que eu.
Para minha sorte, para não ficar com peneiras a mais, um dos meus colegas, o João Luís da carteira ao lado no Liceu, faz um tempo melhor que eu, mas não podia correr no sábado porque tinha missa ou catequese ou qualquer coisa assim desse género.
Portanto correu tudo muito bem, eu tive uma referencia da minha velocidade, ganhei a corrida da velocidade pura (50/60 metros) a gajos mais velhos, com anos de treino.
E depois de ser ultrapassado pelos 2,3 primeiros, desisti, limitei-me a levantar as pernas para não cair.
É uma inércia de velocidade impressionante.
Mesmo sem já fazer força nenhuma naquele ultimo terço da corrida, é uma sensação parecida com andar de mota sem capacete tal é a ventania na fronha.
A pista é muito rápida (dura) e os sapatos muito leves e com meia dúzia de pitons que dão muita tracção.

Uma fora da adivinha,
Agora a tua velocidade.

Arábica disse...

Avulsos:
Até agradeço já não ter aspira.dor.
Nunca experimentei uma pista. Nem tão pouco sapatos com pitons.
Quanto à adivinhação, tem calma, como posso saber se não és um belissimo contador de histórias como o Rui? :)

Velocidade?
Aos 10 anos tinha 50 Kg.
Usava óculos e botas ortopédicas.
Mesmo assim corria sempre que era para correr e se me faltava velocidade, fintava as minhas colegas e companheiras de recreio. Raramente me apanhavam e se me apanhavam era porque a fome do pão com carne assada, ou fiambre, ou maneiga, guardado na mala entre guardanapos, era mais forte que o orgulho de saber fintá-las no momento certo.

Depois, foi o andebol (e foi até que em 1976 saí do Liceu para ir trabalhar numa instituição financeira). Guarda-redes. Nada de velocidade, apenas atenção às jogadas e ausência de medo de levar com uma bola no focinho (já sem óculos). Nunca me envergonhei e reconheci sempre o valor de todas as jogadas que resultaram em golos (alguns com uma pinta do caraças!! ;) )
A minha turma foi campeã um dos anos lectivos :) e dos outros não me lembro :)

Sempre que corria ficava com dor de burro. Sabes o que é?

Daí que a minha velocidade foi mais treinada no teclar, nos dedos, na rotina dos números e das letras, do pensamento, do raciocínio, sentada numa cadeira mais ou menos confortável e em frente a uma secretária, com muitos papéis e durante muitas horas. Ah! E com um computador à frente desde 84...

Que se pode concluir?

Mais resistência que velocidade?

:)

Arábica disse...

Outro avulso:


Vou deixar de te "seguir" porque, aproveitando um tempinho mais livre, actualizei hoje a minha lista de Blogs.

Beijos

ze disse...

Eu até estava para aqui a tentar (continuar) a resposta, mas sendo assim...

Só espero que não vás chateada, (com algo que me ultrapassou).

Beijos.

Arábica disse...

Chateada?


Não.

Mas a dor de burro, agora que me lembrei, chateava-me. Limitava-me.

Como por ventura todas as dores.

Certo?

O que poderá (ou não) significar que a ausência de dor nos liberta.

Nos dá a sensação de liberdade.

Com os cabelos ao vento.

Bom dia, beijos :)

ze disse...

Ainda bem,
Mas já me aconteceu tantas vezes o aperceber-me à posteriori e tardiamente de mal-entendidos, que ultimamente já me acontece mais vezes antecipá-los sem razão.
Já não sou propriamente inexperiente na comunicação escrita, principalmente graças às smss, mas continuo a precisar muito de outros auxiliares da comunicação, especialmente o da linguagem facial.
E não sou (ainda) adepto dos : ), sem me querer alongar nas razões, porque são longas.
Entretanto também já me apercebi o que é querias dizer.
Eu não tenho links para outros blogues, por isso continuo a “seguir-te”.

A dor de burro é sempre passageira.
Frequente nas correrias (descontroladas) das crianças, e nos adultos mal preparados para longas distancias.
Resulta de uma impreparação temporária (ou fase de adaptação) dos sistemas cardíaco e respiratório responderem a um súbito aumento de necessidade de sangue arterial (oxigenado).
Decorrendo daí uma acumulação de sangue venoso que cria uma pressão sobre órgãos abdominais, fígado (lado direito) ou baço (esquerdo).
É típico acontecerem na primeira metade da corrida (e apenas aí), mesmo em atletas de alta competição nas provas de longa duração, especialmente maratonas.
Pessoalmente, encaro-as como a pergunta que o corpo me faz para eu saber se vale a pena o esforço.
Resolve-se abrandando o ritmo da corrida e aumentando a frequência e amplitude da inspiração e expiração enquanto se pressiona com a mão a zona abdominal dorida.

ze disse...

Apenas ainda,
Para esclarecer que escolhi a história daquela corrida de cem metros, não só para relembrar das grandes sortes que pequenos azares por vezes nos trazem (quando não deixamos abater a confiança e o dinamismo), mas também como ilustração inicial de uma sequência de relações de ideias que pretendia atingir a partir daquele começo.
Mas era um percurso demasiado longo, pelo que desta vez respondi negativamente ao corpo.
Se há coisa boa que a idade me tem trazido (e espero que a toda a gente) foi esse aguardar pelo tempo e lugar de dispender as energias, de encontrar o tempo da energia e do descanso, do expor e do guardar.
E este espaço virtual tem os seus contornos, designadamente essa fronteira difusa entre a expressão de hiper-identidades e hiper-sensibilidades e a possibilidade de libertação da mente face a todos os seus contextos, incluindo o corpo, para poder da folha em branco, construir novos.
Hoje de manhã dei por mim a fazer esse exercício de alternar-me no lado do espelho (o meu negativo), colocando-me como observador puro, igual mas oposto, um clone nascido e criado numa família antípoda em todos o sentidos.
Ele (-eu!) estava a olhar para o meu blogue fazendo apelo a todos os seus seis sentidos, tentando reconstruir de todos aqueles pedaços, o seu autor. O seu perfil psicológico.
As minhas intenções. A minha cabeça.
Visto de outros olhos e de outra cabeça, iguais à minha mas formatadas das minhas experiências e substituídas por outras, por outras memórias, por outras imagens.

Um bom dia também para ti.
Tá sol!

Arábica disse...

Zé, se me permites um comentário na óptia do utilizador :)), o teu perfil psicológico -enquanto blogger- ainda está muito incorpado de brumas, de nuvens, de vazios.

Não o consigo definir, ainda.
Pareces-me contudo, um comunicador nato.

Erro teu, quando julgaste que eu precisava de 6 meses para "não errar" na leitura. Preciso de 6 meses para a leitura! E mesmo assim, podem ocorrer erros :))


Agora fico eu com o sentimento de culpa, se por algum motivo desviei o fluxo da tua escrita para o adiamento, para o poupar de energias, para a espera.

Se tinhas traçado um rumo, deves realiza-lo por longo e moroso que seja o percurso (já todos temos sapatos, sapatilhas e ténis, confortáveis) e se tu o seguires, nós decerto, o seguiremos contigo.

Afinal, agora para onde nos levas (nos: aos comentários, aos posts, a ti, ao teu perfil de blogger e a nós teus leitores?)??? :))

Ainda bem que pecebeste o deixar de seguir :)) também detesto mal entendidos :-D e ainda me fio nestas expreessões faciais :-D

ze disse...

Se até eu próprio estou ainda “muito incorporado de brumas, de nuvens e de vazios”!
Sim, um comunicador que não será nato, porque não nasci assim.
Demasiado tímido, durante demasiado tempo. Ainda vai na Pré-Primária.
Até por isso (pelo tardio), ainda muito sôfrego no confronto com as oportunidades, ávido de estímulos e extremamente disperso nos campos e nos ambientes de expressão (ou comunicação).
Esperando pela chegada da lucidez, do encontro com o caminho, a saída, a janela.
Mas ao mesmo tempo, impaciente.
Um carácter juvenil portanto, em vários aspectos, vertentes.

Entrei neste universo (atmosfera?!) no ímpeto da curiosidade daqueles temas todos que escrevi ponderadamente nos interesses do meu perfil.
Sociologia, antropologia,...
Entender o mundo.
Viver o mais dentro possível dele para o perceber.
Aproveitando também, sempre e em todo lado
Para depurar o auto-conhecimento, que nunca é demais.
Digerindo a opinião dos outros (como a tua) e tentar aquele difícil distanciamento de conseguir olhar (do mais longe e separado possível) para mim, neste caso, para o que escrevi.

Era isso que fiz (ontem?), aproveitando a tua sugestão de eu “poder ser um bom contador de histórias como o Rui”.
Pensei que se fosse, era um tipo brilhante. Que não sou.
Ele é muito bom a fazer aquilo, mas topam-se alguns sinais ocasionais de não ter vivido ali, de não ter vivido aquilo, de não ser aquele.

Eu limito-me a querer desenvolver uma capacidade muito pouco estimulada, até à data. A escrita.
E a deixar marcados os meus tiques de linguagem e de comunicação, os trilhos que instintivamente adopto e escolho nos diálogos, os meus formalismos, os meus erros ortográficos, os meus complexos, fantasmas.
A minha caricatura.
Para quando precisar de me ver, por qualquer razão.

ze disse...

Deixa lá o sentimento de culpa, não há nenhuma razão para isso.
Eu só quis reforçar que a corrida de cem metros era só um pretexto para falar de outros assuntos. Mas não foi. É a vida.
Tinha muita coisa para dizer em resposta ao teu comentário anterior.
Demasiado.
Tenho muitas vezes essa dificuldade em te responder.
Em conversar por escrito, em geral.
Mas provavelmente ainda bem que é assim.
Que dizer que mantenho uma relação natural com a conversa, que não é transponível para formato escrito.

E se aderir à moda dos símbolos :), talvez seja sinal de que me estou a esquecer disso.
Nem sequer sei o que quer dizer o :-D
É uma boca aberta? É espanto, surpresa?
Outro que vejo muitas vezes é o “rrsssssss”. ´
Penso que é símbolo de gargalhada, mas não tenho a certeza porque também há o “lol”

Sinto-me (confortávelmente) desambientado, se é que dá para perceber.

ze disse...

Mas,

Sem querer reler esse teu comentário anterior, para retomar o traçado do caminho perdido ou desenhar outro,
De memória quero-me lembrar apenas que aquele reforço de consciência da minha velocidade me levou antes para o desenvolvimento da resistência.
Para me focar nas minhas fraquezas.

Recentemente, a aproximadamente um ano atrás, dei por mim a perceber com lucidez esse rumo tomado, ao ouvir o meu professor de bateria a insistir no treino da minha mão esquerda porque sou destro.

E a pensar várias coisas como:

- Se não se treinar a mão esquerda, não se consegue cumprir exercícios complexos.
Ou
- Será que ao me deixar obcecar pelas dificuldades da esquerda, nem sequer deixei desenvolver convenientemente a direita?

“mão esquerda”; “mão direita”; “velocidade”; “resistência”
nos seus sentidos abrangentes ou até metafóricos e não literais.

Arábica disse...

Boa noite, Zé,


só hoje actualizei a leitura dos comentários do teu último post, pelo que já sou conhecedora das mentiras e das verdades :) e de mais meia duzia de caracteristicas do teu perfil ;).

Por isso agora percebo quando dizes que não és um comunicador nato, de nascença. A timidez é lixada. Também travei as minhas batalhas com essa "malvada".

Julgo que o facto, de profissionalmente, ter tido sempre a obrigação (que transformei em oportunidade) de comunicar com colegas e clientes, muitas vezes resolvendo ou elucidando sobre situações complicadas, foi determinante na erradicação da dita timidez. Mas ainda existem vestígios.

Focarmos-nos nas nossas fraquezas e trabalhar nelas, é trabalho de sábio, se (há sempre um "SE"?) não nos esquecermos de alimentar as nossas qualidades... (e aqui chego ao cruzamento onde tu já tinhas chegado: não tenho resposta para as tuas pertinentes perguntas sobre mão esquerda e mão direita!!!)


Para que não hajam dúvidas sobre os símbolos de expressão facial, deixo-te entretanto um "road book" ;)

;) -Piscar o olho, significa que estou a brincar contigo.

:) -significa que estou a sorrir
a) ou do que tu escreveste
b) ou do que eu estou a escrever
c) da ideia no seu todo
d) por te dizer bom dia boa tarde boa noite.

rssss - significa risos (julgo!!)

:-D -rir abertamente ou rsss

:-O - significa espanto.

:-( - demonstra tristeza.

e o recém inventado, em tua honra:

:-G -zangada (que era uma brincadeira de todas as formas, porque não estava zangada realmente)

Quanto ao lol existe para as gargalhadas, sim, mas não o uso muito. prefiro os símbolos.

Espero que te comeces a sentir ambientado, porque muitas vezes basta um boneco destes, para percebermos que tudo o que o outro diz é dito com humor ou que foi entendido com humor.

Um sorriso pode mudar todo o sentido a uma frase e neste mundo de comunicação escrita, ajuda a percebermos e a dar-mos a perceber o nosso estado de animo.

Digo eu.

Arábica disse...

E entretanto, tu dizes:

"tinha muita coisa para dizer em resposta ao teu comentário anterior.
Demasiado.
Tenho muitas vezes essa dificuldade em te responder."

A única dificuldade que eu conheço é o tempo. Só o tempo, deve condicionar, limitar ou afastar de todo, uma resposta longa.

De resto, podes sempre sintetizar.

Dividir, por questões.

Ou por comentários.

A verdade é que quando começo a escrever, muitas vezes inicio por um assunto e acabo noutro, completamente diferente.

Será bom disciplinar a escrita?

Ou o acto de escrever deve ser puro, fluído, sem margens ou limitações?

Só tu sabes o que tinhas para dizer. Se tu dizes que é "demasiado", quem sou eu para te contrariar? :)


E fico por aqui.

Gostei de te ler.

Ps- há fantasmas que depois de escritos (exorcizados) desaparecem.

ze disse...

Obrigado pelo dicionário de smiles.
Apesar de manter o que já disse sobre esse assunto, se é que fui claro.

O momento à um ano atrás de que te falei, foi mais de resposta do que de perguntas.
Fui um daqueles lampejos de lucidez, em que de repente assuntos e vertentes até aí dispersos e desligados, adquirem coerência e unidade. Simplicidade. Clareza.
Bem que precisava de outro desses agora.

ze disse...

“disciplinar a escrita” ou deixar “fluír”?
Apelar ao hemisfério esquerdo ou ao direito?

Penso que dependerá essencialmente do objectivo da escrita.
Quer do ponto de vista do escritor quer do leitor.

Nestas caixas de comentários farei sempre uso dessa disciplina porque pretendo levar a sério a comunicação, e não deixá-la à sua sorte.
Quero controlar o que penso, o que digo e quero que quem o leia se aproxime o máximo possível dos meus pensamentos.
Em cada formato de comunicação procuro tirar partido das suas potencialidades, o que no caso da escrita acho que passa muito por aí.
Por ter tempo e espaço para organizar, ligar, sequenciar, relacionar.
Quantas vezes já pensei que nunca chegaria aquele ponto por aquele caminho, se não estivesse a escrever.
Apesar de me sentir muito mais à vontade à conversa com mais uma, duas ou três pessoas.
Cada forma de expressão, cada ambiente, cada forma de comunicação, cada hora, cada dia, têm o seu potencial especifico, e eu tento usá-lo adequadamente.
Não espetar a batata com a faca, nem cortá-la com o garfo.
Apesar de ser possível, como é evidente, tento não o fazer.
Disciplino-me, sim.

Outra forma, que penso ser ainda mais correcta, é a que aprendi no tal treino de bateria.
Considerando a substituição das mãos esquerda e direita, por disciplina e instinto, a única forma de fazer música é fazer uso da combinação das duas.
Em conjunto, uno, não em separado.
Não é fácil.
Tu lá saberás qual é tua a esquerda, que eu sei qual é a minha.

Uma boa noite para ti,
e ainda não foi desta que retomei o tal comentário que deixei quase no principio.
Mas eu encaro a vida assim.
Para fazer umas coisas tem que se deixar de fazer outras.
Neste caso, para escrever o que não escrevi não podia ter escrito o que escrevi.
Espero que não te sintas prejudicada. ;)

usei bem o boneco? veio a propósito?

Arábica disse...

Compreendo perfeitamente o controlar e o disciplinar da escrita, da forma como o expões e principalmente sendo um blog visitado e lido por outras pessoas.

Contudo, se controlares demasiado o pensamento, poderás não deixar fluir tudo?

É uma pergunta inocente, fundamentada em dúvidas que me ocorreram em alturas de confusão, de cruzamentos, de indecisão...

E já agora...

Escarafunchar o futuro, não será tentarmos perceber para que direcção estamos "virados" no presente?

Como poderemos escarafunchar sem termos a estrada aberta a nossos pés, ou sem estarmos pisando esse chão?

Ou escarafunchamos várias estradas (hipóteses, direcções) ao mesmo tempo?

Atenção à máxima: visão sem concepção é cega.


O que visualizando, nos poderá parecer acertado, na prática pode revelar-se um erro. O que nos parece inconcebível, poderá vir a ser realizável.

O que em determinadas circunstâncias nos poderá parecer uma estrada cheia de precalços, noutras circunstâncias, já mais amadurecidos e fortes, poderá vir a ser uma estrada segura.

E termino por aqui, antes que JAE me obrigue a pagar portagem ;)

Muto bem aplicado o teu ;).

Muito rápido na aprendizagem :).


Beijos e uma boa noite para ti também.

ze disse...

O tal “controle e disciplina”, não se revelaram suficientes para me fazer entender.

Eu falei de :
- objectivo do ponto de vista do escritor (neste caso o meu); qual o formato (de escrita) que pretendo explorar, desenvolver.
- Adequação da forma e das ferramentas de comunicação a cada situação e ambiente especifico.
- E usando a “parábola” da bateria, pretendi transmitir a convicção de que a comunicação, caso pretenda ultrapassar um nível mais básico, terá que fazer uso simultâneo das duas mãos; dos dois hemisférios; do instinto e da razão.
Harmonia. Ou pequena sinfonia.

Quis ainda que entendesses ao dizer-te que “sei qual é a minha mão esquerda, não sei qual é a tua” que no meu caso sei qual é o hemisfério cerebral que devo treinar ou orientar para atingir essa harmonia.
São as vantagens do auto- conhecimento.

Ou objectivando ainda mais para não dar lugar a mal entendidos (troca de interpretação de esquerda e direita)- eu não sofro habitualmente do problema de “não deixar fluir tudo”.

ze disse...

Ainda,

Sobre o “ser um blog visitado e lido por outras pessoas”, não faço muita ideia de quem o faça (visite), com excepção dos que já deixaram comentários, mais o que o ”segue”.
Sendo um blogue aberto, não condicionado a “convites”, não pretendo escrever nada que quem quer que seja não possa saber.
Mas no que se refere à construção mental do ambiente, faço-o só com esses e com destaque à pessoa concreta a quem dirijo cada resposta.
Para mais na caixa de comentários do penúltimo post, publicado oito dias antes!

Eu já continuo...

ze disse...

Pois a minha dificuldade de resposta surgiu mesmo no 5º comentário desta caixa (o teu 2º), dada a multiplicidade de questões e ideias que trouxeste, mas também pela diferença essencial na abordagem que fizeste do post, em relação à minha.
Ao tomares o universo da abordagem pessoal, individual.- “Temos sempre um passado...”
Por oposição à localização que adoptei, distante e exterior ao objecto de observação- o mundo, o que me envolve, no tempo e no espaço, não o que é envolvido.
Mas depois de falar tanto do zé , do umbigo, tenho que compreender que essa falha de percepção seja provável, independentemente de ser exactamente esse inverter do objecto, para fora o que pretendi à partida.
No entanto, esse reposicionamento é me bastante exigente!
Teria que reler o post que escrevi, usando outros olhos.
Talvez por isso (preguiça) tenha desistido de o fazer.

Prefiro pois responder-te mantendo a minha posição inicial de observador distante, continuando a sucumbir perante a preguiça. :)
Pelo menos por agora.

Mas claro que pondo-me à parte do objecto, também me estou a sacudir de responsabilidades e de decisões.
Não sei se isso está a fazer de mim cego, segundo a tal máxima que dizes para atender- "visão sem concepção é cega”.

De qualquer forma, o meu pequeno “ensaio” era muito menos ambicioso, limitava-se a alertar que, tal como já aconteceu no passado, o (actual) futuro já está traçado, tem um percurso, direcção e sentido já presente e que observando-o com objectividade (distanciamento!) poderá ser descrito, antevisto, antecipado mentalmente.

Desculpa lá responder assim, mas é mais fácil.
E por vezes o fácil é que é o caminho, sob pena de não haver caminho.
A psicanálise não pode nem deve ser feita quotidianamente.
Tem outro ciclo mais longo.

Espero portanto por outro dia em que esteja mais ambicioso ou mais (auto) confiante para te poder responder melhor às tuas questões e ideias. ;)

Uma boa tarde
Ps- espero que continue ao menos a usar com critério os bonequinhos, de forma a poder manter o meu recém conquistado estatuto de bom aluno. :)

Arábica disse...

Zé,

uma das razões que me trazem ao teu blog "amiudadas vezes", o que se poderá entender por visita diária, é sem dúvida a tua capacidade de responder rápidamente a estimlos, mesmo que estes se apresentem de forma pouco interessante (estou a referir-me aos meus comentários), pouco objectiva e quase infantis, perante a matéria a que nos submetes nos teus posts :)

Arábica disse...

Fluir:

eu não parti do principio que tu não deixasses fluir tudo.

Não fiz julgamentos de valor.

Perguntei, de um modo geral e sem querer particularizar escritas (minha, tua ou de um terceiro) se...


Uma das fórmulas, ou um dos segredos da escrita, é exactamente primeiro ser escrita através do coração e depois tudo passado a limpo, de forma cerebral. Aqui poderás usar os hemisférios em substituição do coração e do cerébro.

Ficam bem os hemisférios. :)

Arábica disse...

Não leias (ou releias) os meus comentários demsiado coloridos ou possuidores de imagens que em nada têm a ver com o caminho escolhido por ti. Não são para análise. Fazem parte talvez daquela porção de vivências, que por empatia com a escrita (neste caso tb com a imagem do céu) apresentada(s) perante os nossos olhos, sentimos vontade de partilhar...a minha mão direita escreve mais rápido que a esquerda...

E como sou distraída, às vezes preciso mesmo de ser "acordada"...

Arábica disse...

"De qualquer forma, o meu pequeno “ensaio” era muito menos ambicioso, limitava-se a alertar que, tal como já aconteceu no passado, o (actual) futuro já está traçado, tem um percurso, direcção e sentido já presente e que observando-o com objectividade (distanciamento!) poderá ser descrito, antevisto, antecipado mentalmente."


Será mesmo assim tão linear?


E a importância dos factores externos que podem condicionar ou alterar o traçado?

ze disse...

“de forma pouco interessante (estou a referir-me aos meus comentários), pouco objectiva e quase infantis”

Dois pedidos:
Não de desvalorizes
Não me sobrevalorizes

Acho que tens frequentemente uma abordagem diferente da minha, mas no sentido de complementar não de antagónica.
Dificulta-me a resposta, porque me obriga a reposicionar o olhar ou o pensamento, mas não acho nada que lhe falte objectividade nem capacidade de me estimular. Pelo contrario, dificulta, exige(-me), só isso.
Quanto a infantilidade só posso falar em termos gerais, que é que se divide em dois grupos - O das características que não convém perder nunca e a das que convém perder o mais cedo possível.
Acredito que se pensas isso de ti, será por parte das características que não se devem perder.

ze disse...

“depois tudo passado a limpo, de forma cerebral”

Faço sempre isso, claro.
Sempre. Geralmente relendo mais que uma vez.
Mas, o que eu estava a referir era em simultâneo, num conjunto indissociável, indivisível.
É um nível diferente, de que já me aproximei noutro tipo de actividades muito entranhadas. Não na escrita.

Se o futuro será “mesmo assim tão linear”, penso que será MAIS assim em tudo que é macro e MENOS naquilo que é micro.
Quando e se chegar à Parte 2 do texto, procurarei pensar mais atentamente sobre esse assunto e confirmar se o que disse atrás tem sentido e porquê, ou não e porque não.

Um acontecimento externo pode mudar de posição uma árvore ou até uma cidade inteira, mas mais dificilmente mudará cinquenta gerações de mentalidades, hábitos e culturas.
E o que é mais determinante a longo prazo?
Posso dar a resposta? Não vale a pena.

Amanhã (pelo menos) vou-me distanciar (física e mentalmente) um bocadinho das minhas rotinas, pelo que peço desculpa de não responder a comentários eventuais durante esse entretanto.
Uma boa noite.

Arábica disse...

Zé, não estava a sobrevalorizar-te nem tão pouco a desvalorizar-me. Estava apenas e somente a constatar que nem sempre a minha primeira abordagem aos assuntos (neste caso ao teu post)é profunda e brilhante :)

Por isso, anteriormente, te disse que cada vez me considerava mais lenta.

Preciso de tempo para gerir informação e digeri-la com a minha própria visão.

Comento-te no momento que te leio, sem rede, sem para quedas. Percebes?

Por isso, quando te respondo, com a mão direita, não tive tempo de analisar devidamente, de ver todas as vertentes das ideias expostas...

Vou modificar essa minha prática.
Se demorar dois dias a responder.te que se lixe. Se te fizer perguntas, decerto me perdoarás.

e passemos...

Arábica disse...

Em simultaneo, é raro sair bem à primeira vez. Mas tenho alguns exemplos no meu blog.

Estados de graça.


A maior parte das vezes, quando chega a vez da mão esquerda escrever, apaga tudo e começa de novo. E o resultado é algo completamene diferente.


A mudança de mentalidade é um trabalho moroso. Mas acredito que são muitas vezes os factores externos, que destruindo zonas de conforto, vêm a dar o abanão necessário para que o gelo instituido quebre.


Amanhã ainda terei menos tempo que nos últimos dias, para visitar e comentar.

Bom fim de semana.

ze disse...

Só dois ou três comentários muito rápidos (e sem correcção), que estou cheio de pressa.

Deves comentar no mediato ou dois ou três dias depois como entenderes melhor.
Eu entenderei a diferença e apreciarei das duas maneiras.
“como será, será”

Ainda sobre a tal simultaneidade e para acabar, que está a ficar um assunto demasiado “mastigado”,
Continuo a achar que não tem a ver com a correcção, organização final;
Mas antes com a própria produção inicial.
Consegue-se em actividades nas quais somos talentosos, mas sobretudo passados muitos anos em que as praticamos quotidianamente, como comer, dormir e tantas outras coisas.
E para quem o (já) o consegue ao escrever, continuará a fazer uso dessa união nas tarefas aparentemente exclusivas da razão, como o tal “passar a limpo “final.

De qualquer forma se ainda não me fiz entender, não o conseguirei depois também.

“muitas vezes os factores externos, que destruindo zonas de conforto, vêm a dar o abanão necessário para que o gelo instituído quebre”

A mim parece-me que há coisas (interiores) sociais, culturais que não mudam à mutos milenios, e que mesmo mudanças apocaptaliticas do ambiente externo não as mudarão.
Apesar de se adaptarem mais uma vez.
Refiro-me a aspectos relacionados com a condiçao humana.
Algo que não é fácil de descrever. Mas que existe.

Desculpa o uso e abuso das transcrissões mas é para tentar poupar tempo
Um bom fim de semana

Arábica disse...

Bom dia ;)


Contnua, Zé, da-lhe gás...

Vamos lá...

Anónimo disse...

então...?


ai, ai a preguiça.

;)

Arábica disse...

E podes publicar uma nova fotografia para os novos comentários :)

não sei. Digo eu :)

ze disse...

Preguiça ? eu??

Por acaso não é o caso.
desta vez.
Resolvi atacar assuntos e tarefas que andavam a ser varridos para baixo do tapete, mas que não podia ou devia adiar mais, pois apesar de não serem relevantes para o futuro da humanidade são indispensáveis para os meus futuros próximo e seguintes. :)

O blogue não está esquecido, foi só a vez dele esperar um bocadinho.
Mas ainda é muito novo para se finar assim.
Eu até ando relativamente dinâmico pelo que hei de arranjar um tempinho para dar sequência ao escarafunchar no futuro, durante esta semana.
Amanhã ou depois no máximo.
Prometo
Beijos

ze disse...

Se bem entendi estás a sugerir que eu preguice na escrita de posts e que editando uma fotografia qualquer possa passar directamente para a fase dos comentários, na qual me sinto mais à vontade e por isso me esquivo menos.
É uma ideia! :)
Pode ser que não seja necessário.
Mas percebo perfeitamente que se ficar demasiado tempo sem publicar nada, as poucas pessoas que cá vêm ver se há algo novo, acabam por perder o hábito.

Beijos

rosa disse...

essa dinamica, não tens para a troca? bem que preciso dum bocadinho.

ainda há pouco tive um ataque de sono. tive que me levantar, dar-me umas boas bofetadas, (não fui fazer queixa como a outra heehehe) e dizer um disparate qualquer. tagarelar para despertar.

ze disse...

Rosa,

NUNCA bater na cabeça, qualquer ponto entre orelhas acima do pescoço, incluindo cara!
...escuso-me a dizer porquê.
Tagarelar, disparatar e espernear sim. Se for preciso acordar o crânio é verter-lhe água fria para a nuca permitindo o escorrer de um fiozinho pelo leito do pescoço e costas, fonte do sistema nervoso smi- adormecido.
Andei cinco meses de Inverno e Primavera a tomar banho de agua fria e nunca trabalhei tão bem de manhã na minha vida. E bem disposto!

Como é que eu te posso transmitir a dinâmica que precisas?
Tem que dormir muito bem;
Tens que acordar por inteiro, recorrendo ao necessário;
Tens que te alimentar convenientemente;
Não deixar aproximar demasiado o calor para não adormecer os sentidos durante o estado de alerta; nem o frio para os acordar durante o sono.
E
Escolher antes de deitar a musica que ouvirás no dia seguinte, em conjunto com a roupa, de acordo com estado de espirito que será necessário.
Talvez resulte :)
Comigo acho que resultaria.

Eu sugerira-te as músicas-remédio pró dinamismo se não tivesse a certeza absoluta de que tu o farás muito melhor que eu.

E se quizeres tagarelar por aqui, não te faças rogada
Sabes que és sempre bem-vinda. Será um prazer.

Arábica disse...

Só perco maus habitos, por isso vou continuar a passar por cá.


A ideia da foto era mesmo essa.

Beijos e continuação desse estado sinergético :))

ze disse...

Arábica,

Só posso ficar contente que a visita ao blogue não esteja na lista negra dos teus hábitos.:)
Quanto aos que estão, dá-lhes luta!

Recorrer a uma fotografia para interromper a contagem do tempo sem publicar, parece-me um bocado batotice.
Pelo menos eu iria sentir isso, que é uma boa parte do que interessa nestas coisas.
É verdade que tecnicamente já o fiz duas vezes (fotografia desfocada de antepassados mortos, presépio e jarra de flores secas; touro em posição de mergulho), mas como ilustração de algo já escrito imediatamente antes (abaixo).

Penso que já te (te) falei sobre os objectivos do blogue, e como se definem mais facilmente pelo negativo do que não pretende ser do que propriamente por saber quais são.
Dessa forma e tendo por mais claro o que não pretende ser, não vejo nenhum sentido (para já, pelo menos) em que seja (também) um suporte de exposição fotográfica.
A minha relação com a fotografia não aponta nesse sentido, pelo menos.
Há fotografias minhas de que gosto e caso alguma delas me pareça acrescentar algo a algum texto, será publicada, mas sem nenhum tipo de obrigatoriedade.

Vejo no entanto lógica em escrever num ambiente não vasto mas aberto e dentro do desenvolvimento (doloroso) de (in)capacidades necessitadas de exercício e progresso.
No caso concreto da escrita da continuação e eventual conclusão do penúltimo post, o auto-desafio coloca-se, para além de outros aspectos, também ao nível da capacidade de resposta a desafios abstractos definidos por mim, uma das minhas principais debilidades.
Como quem exercita (em casa) sozinho os músculos para não definharem tanto.

Nem sem se consegui ser claro e esclarecedor mas faz parte do tal processo.

Beijos,
Vou tentar (manter o dinamismo),
a mais (conseguir) não me sinto obrigado. ;)

Anónimo disse...

realmente fico boquiaberta com o teu dinamismo, só de ler os teus conselhos (sábios) fiquei cansada!
heheeh

Arábica disse...

pela não definhação de musculos, cá andamos...


ate querermos.


Beijos, até amanhã.

ze disse...

Ei mocinha Rosa (inicialmente tinha escrito “rapariga”, mas depois pensei que caso algum brasileiro lê-se iria pensar que maltrato as minhas visitas),
Não queria cansar-te,
Apenas escrevo aquilo que é básico e universal, e que se calhar por isso as pessoas se esquecem,
E escrever também me ajuda a não esquecer.
Acho mesmo que há sempre elementos que ligam o tempo da nossa vida, em continuidade.
Que um bom dia começa com uma boa noite de sono e esta com um deitar livre de preocupações e ansiedades.
Quando me sinto demasiado pressionado pelo que vai (ou como) acontecer no dia seguinte, preparo e antecipo exaustivamente tudo no dia anterior, até ter a certeza que vou dormir descansado no conforto de que já não pode correr muito mal .

Estive a ouvir a música do teu ultimo post e a contar os tempos, que dá 80 por minuto,
Ora aí está um precioso auxiliar de dinamismo, capaz de acelerar em um terço o dia, como se passasse das 24 para 30 horas.
É bom! Dá para mais ;)

ze disse...

Dá para passar o dia a mexer e deitar cansado
e não o contrário.

ze disse...

Arábica,

Pois eu cá acho que se forçarmos inicialmente só um bocadinho, através da repetição,
Se podem fazer nascer (ou se fôr renascer mais fácil se torna) hábitos, que por definição não estão sujeitos às ordens do querer mas antes às da necessidade.

Beijos e uma boa tarde

ze disse...

errata:

24 mais um terço dá 32 e não 30

Anónimo disse...

deixa lá, nunca ia reparar. matemática não é comigo.
eu é mais bolos e musica.

qual delas, a do tricky ou a do bird?

o post a abrir ou o post fofinho?


;)

p.s. se há coisa que me tira o sono, realmente, é a música.

mas nao sei contar os tempos...

ze disse...

Mas reparei eu, que também interessa.
Já me basta as asneiras que não posso corrigir!

A do Andrew Bird.
O post a abrir, todo o dia em repeat mode, poderia trazer efeitos secundários imprevisiveis.
É complexo (por paradoxo), intenso e carente de atenção exclusiva, ou mais.
Não permite uma actividade sensorial ou cerebral paralela, pelo menos trabalhar.
Ou melhor, sensorial num sentido bastante animal até permite, mas nada que o retire do centro da atenção, da procura constante da razão de ser do arrepio que provoca.

Já o post fofinho é perfeitamente compatível com repeat mode e com actividades a necessitar de atenção.
Enlaça-se no corpo e na cabeça sobretudo através do ritmo, de uma forma que eu penso ser capaz de nos fazer a nós e ao que estivermos a fazer inconscientemente adoptar o mesmo ritmo.
Até dá um tempinho para descansar e tudo. Quando o vocalista arfa.

Se calhar até sabes contar os tempos,
É só contar as vezes que bates o pé, ou a mão (mãos)
Podes ter que dividir por dois ou por quatro. A percussão geralmente “bate” em duplicado e por vezes em quadriplicado. Ou mais.
Mas o “tempo” da música é basicamente a matriz de encontro de vários instrumentos.
Tradicionalmente, pelo menos nos concertos Rock, o baterista bate com as baquetas uma na outra três ou quatro vezes, indicando aos outros músicos o tempo da música seguinte e a partida que convém ser simultânea.

Agora,
O que eu digo não se escreve, muito menos a propósito de música.
Tenho muito cuidado em não dizer asneiras à frente de crianças, mas nas outras situações às vezes também tagarelo muito e como tal sujeito-me a dizê-las, e digo. :-(

(ando a treinar os bonecos smile)

Anónimo disse...

Sim, provavelmente por isso e