segunda-feira, 30 de março de 2009

domingo, 29 de março de 2009

Escarafunchar no Futuro (Parte 3)

desenho assinado por Zé (JASLC) a 17/7/1980






















Combater o tempo morto

Na cidade,

crescem práticas de vidas independentes e indiferentes aos ciclos da Natureza, do dia e da noite, do Verão e do Inverno.

Este progressivo distanciamento dos ciclos naturais em paralelo com o declínio da actividade humana ligada aos sectores primário e secundário em favor do terciário, permite o desenvolvimento de novas fórmulas de gestão (individual) dos tempos de trabalho, de lazer e de repouso.

Também o desenvolvimento da versatilidade e eficiência dos meios de comunicação e informação, aliada ao crescimento da “industria” dos serviços, assim como a progressiva dificuldade de transporte no congestionado espaço físico, sugerem a partilha do espaço da individualidade (casa) com o social (trabalho).

Este quebrar dos padrões convencionais de equilíbrio entre célula individual e colectiva, terão com certeza duros preços sociais a pagar até atingir o reequilibro do ajustamento á mudança.

Os novos paradigmas de felicidade e sucesso apoiam-se na capacidade de cada um combater o tempo morto- o tempo que nos inibe de

Vivem-se tempos de experimentação de novas técnicas e tácticas de combate ao tempo morto.

Como o sono polifásico que sob o objectivo de maximizar a eficácia do repouso e assim ampliar o tempo útil do dia para as funções de trabalho e lazer.

Por dentro de um abrigo seguro de luz natural ou de neons , nascem novas e bizarras reorganizações dos dias da semana, subdividas em seis ou oito dias, marcando ritmos individuais e registo de marca de fuso horário com assinatura legível.

O desenvolvimento e progressiva tolerância pela diferença e individualidade permite o

nascimento em cadencia de novos grupos em torno de um qualquer interesse ou valor comum, geralmente alheios aos convencionais ligantes de raça, etnia, fuso horário ou estatuto social, apoiados na internet como espaço de relacionamento e comunicação.


(a minha avó só está a aqui para se certificar que eu faço os trabalhos de casa)

sábado, 21 de março de 2009

sexta-feira, 6 de março de 2009

Escarafunchar no Futuro (Parte 2)


O tempo anda a andar mais depressa
ou é só impressão minha?


Em que medida é que essa (esta) urbanização da(s) cultura(s) e das relações sociais poderão definir e caracterizar o futuro?

Penso que no essencial, vão nascendo novas culturas (urbanas) formadas da síntese de partes cirurgicamente seleccionadas das culturas trazidas pelas comunidades migrantes.
Através de um processo darwiniano de evolução natural, livre e aberto à mudança, carrasco sem misericórdia do inútil e extremamente atento e despreconceituoso no relacionamento com o novo conquanto seja útil, independentemente da sua origem social ou geográfica.
É assim a cultura urbana:
Jovem, desinibida e metamorfótica.
Rápida, pragmática e avessa a nostalgias do passado.
Dando-se pouco tempo a tudo, incluindo a reflexões, ponderações e decisões.
A velocidade é a referencia de calculo de valor que define o preço de tudo.

Escusado será referir que o paradigma da maior e mais cosmopolita das cidades (mais que Nova Iorque) é a Internet!

A unidade de tempo desmultiplica-se e desvaloriza-se apelando a alterações da dimensão de medida, capazes de actualizar os seus valores de referencia desgastados pelo poder repetido da inflação do valor do tempo.
Tanto ou mais que o dólar do Zimbabué e exigindo maior celeridade que a operada na substituição do rei pelo escudo e deste pelo euro.
As estruturas organizacionais convencionais não denotam reflexos capazes de observar, menos de perceber,
menos ainda de reagir.
Respondem dessincronizadamente ao tempo da pergunta, do apelo, da necessidade, do estimulo.
Recusam-se a admiti-lo. Encerram-se no que compreendem. Em si mesmas.

O mundo vive um conflito entre poderes e realidades, desfasados no tempo, habitando espaços autónomos, sem canais de inter-relação efectiva.
Cada um deles (poder e realidade) desenha e constrói uma simulação do outro só o suficientemente credível para poder viver sem o desconforto de pensar que lhe desconhece a existência.

(continua)
(a não ser que o mundo, has we know it, acabe entretanto)