quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Al-cunha (parte 2)



Menos recentemente
,
Cerca de setecentos "anos blogger" atrás, a minha irmã mais nova, que é mais velha, apontou de dedo indicador em riste no sentido da barriga da minha mãe e disse- " !".

Aquele que estaria por trás daquela descomunal epiderme esticada seria o meu irmão mais novo, ainda que mais velho.
Se tivesse nascido.
A minha mãe escorregou ao descer as escadas e ele morreu, digamos assim, porque ainda não tinha nascido.

SI (scriptum intercalar) :
Naquela memória difusa que descende do que nos é contado por outros como verdade verdadinha, a minha mãe terá sido em tempos idos em que trabalho é trabalho e os dois são ordenado, professora de ginástica, o que para quem a conhece será bem ilustrativo do que o ensino público terá um dia sido, independentemente do que é hoje.

Naquela altura em que essa minha irmã (apesar dos seus apenas cerca de trinta e cinco "anos blogguer") terá dito aquela palavra, esta, apesar da sua reduzida complexidade léxica, terá sido no entanto, apenas a segunda ou terceira após os inevitáveis Papá e Mamã, se não mesmo até antes de um deles.

De qualquer forma eu não estava lá.
Diz-se...
Mas, vinte e poucos "anos blogguer" mais tarde, eu nasci.
Já com primeiro nome, se bem que administrativamente com mais letras.



9 comentários:

Rui disse...

Vejo as ecografias emolduradas, na sala de estar. O CTG a toda a largura da parede maior. As contracções todas lá. Espaçadas e depois não.

Arábica disse...

Uma bonita história de amor blogger :-)


Os vereditos do destino embora ainda embrionário, o dedo apontado em riste -Zé!

Até que o Zé, por fim, lá nasceu para contentamento de todas as personagens femininas da familia :)

E nosso, também ;)

ze disse...

Rui,
seria uma óptima continuação da narrativa, com amplo potencial descritivo de cenários físicos e humanos, caso não estivesse condicionado por factos reais.
Apesar que, caso fosse uma orientação ficcional e essa em especifico, teria antes optado por um zé-filho único e arranjando facilmente outro padrinho que não a "irmã mais nova, mais velha".
Ao contrario, eu nasci assim como "mais um" numa época histórica-social tipo a (bem) retratada no "Conta-me como foi-RTP 1".
Pais com vida atarefadas demais para organizarem álbuns de fotografias quanto mais de ecografias, mesmo que as houvesse.

Abraço.

ze disse...

Arábica,

Por alguma ou algumas razões (ainda) não se percebeu que o objecto da narrativa é real e não ficcional.
Foi também escrito de uma penada, imediatamente após ter acabado de criar o blogue e publicado o primeiro post.
Senti a necessidade de ter alguma reserva escrita, que me permitisse responder à periodicidade de publicação que pretendia (pretendo)- três a cinco posts semanais, de tamanho médio- aproximadamente a altura do ecrã.
Apesar da já anteriormente descrita intenção de compor a tal sequência de “pequenas artes”, naquele dia, e percorrendo a pé a cidade entre o local do computador e o da escrita, o que me percorreu a cabeça foram as escolhas recentes dos nomes, a mais recente delas, à poucas horas atrás- o al-cunha.
Chegado ao destino, foi assim sobre isso que escrevi, o que me deixou muito satisfeito, dado o volume de escrita alcançado, que era naquela altura a minha maior preocupação.
Em apenas um par de horas, se tanto, escrevi o suficiente para ir publicando em partes ao longo duma semana. O que por falar nisso acaba hoje (a dita semana), pelo que me resta apenas uma ultima parte por publicar. E não sei o que vou escrever a seguir nem sobre o quê.
No entanto, e pese aquilo que te pode parecer muito “planeamento”, dentro do que sei, aquilo que eu pretendo “tirar” deste espaço de escrita e conversação é precisamente uma oportunidade de libertar e deixar fruir em palavras, o meu inconsciente.
Dessa forma, logo saberei do que vou escrever a seguir, quando voltar a percorrer a cidade a pé.
Mesmo que chova, que eu amo a chuva.

Beijos e desculpa o “tempo” (atraso) das respostas

Arábica disse...

:) estás perdoado. Podes voltar :)

Arábica disse...

Deixei uma pequena dose de desafio para ti, no meu post de hoje :)


Beijo

ze disse...

Eu sei mas,

Ao contrário do que seria mais natural (em mim?!), fiquei a saber por lá e não por aqui.

Obrigado e desculpa ter sido resmungão lá no pequenas doses.

Beijos

Vivian disse...

...eu penso que a maior heresia
é não nos deixar escolher o
próprio nome.
até aí, ponto final.

mas depois de escolhido,
aí sim devemos cuidar para
que este nome tenha peso
e uma marca do bem, pelo
mundo afora.

fugí um pouco do seu texto,
mas é porque este negócio
de nomes sempre me intrigou...rss

sorry

bjuss, Zé

ze disse...

Olá Vivian, obrigado pela visita

Eu confesso que sinto sempre mais a pressão de ter escolhas a mais do que menos.
Daí, a simplicidade com que me relaciono com o passado, ou por outras palavras, com o que não posso fazer porque já fiz (ou alguém por mim), com o que já não tem escolha porque já foi.
Interessa-me mais saber dali (passado), para onde é que me "empurrou", para que eu nunca resista nunca a esse empurrão e contrarie com toda a minha força qualquer outra força que hoje ou amanhã me empurre em sentido contrário.

Quanto a nomes,
aqui em Portugal corria a história de um carioca que tendo sido pai em domingo de futebol, pôs no nénem o nome "Flamengo 1-Fluminense 0.
Com números em vez de letras, tracinho e tudo.
Esse cára terá já mudado de nome, com razão, mas se não mudou será conhecido por uma alcunha.
E nas alcunhas não escolhemos os nomes sozinhos,é uma democracia que o faz, mas com base no que somos, no que fazemos.

Desculpa também eu ter fugido do meu tema e do seu comentário, mas a vida é mesmo assim, passado tá lá trás, não é mesmo?

Beijos e apareça sempre, é um gosto!